A Jornada de Rosa com o VIH – o poder transformador da advocacia e do envolvimento comunitário

O tema do Dia Mundial de Luta contra a SIDA deste ano, Siga o caminho dos direitos: Minha saúde, meu direito!, é uma oportunidade para reconhecer o trabalho excepcional de ativistas como Rosa Pedro, que dedica sua vida aos direitos e à saúde das pessoas vivendo com HIV em Angola e além.

A vida de Rosa Francisco Pedro mudou para sempre aos 33 anos, quando testou positivo para o VIH. Hoje, aos 54 anos, como líder da MWENHO, uma associação de mulheres vivendo com VIH  em Angola, Rosa desempenha um papel fundamental na defesa dos direitos e da saúde das pessoas que vivem com VIH, representando a sociedade civil angolana nas reuniões da rede de saúde comunitária lusófona.

Rosa partilhou a sua história, desde o diagnóstico até sua jornada de tratamento e empoderamento, mostrando como o engajamento comunitário e a advocacia podem ser transformadores.

Os desafios de saúde de Rosa começaram em 2000, com sintomas graves resultaram em sua hospitalização. Somente em 2003, encorajada por uma enfermeira missionária, Rosa corajosamente fez o teste, que confirmou o diagnóstico positivo.  Em 2004, ela iniciou terapia antirretroviral e cofundou a Associação MWENHO. Com o apoio da enfermeira missionária que a encorajou a fazer o teste, Rosa aprendeu a importância do apoio e da sensibilização comunitária, o que alimentou o seu compromisso com o ativismo.

À medida que o conhecimento e a experiência de Rosa cresceram, também cresceu o seu papel como ativista. Ao educar-se a si mesma e aos outros sobre o VIH, defender o acesso ao tratamento e partilhar as suas experiências, Rosa tornou-se uma líder influente. O seu trabalho foca-se não só em melhorar a condição das pessoas que vivem com VIH em Angola, mas também em promover a colaboração entre os países de língua portuguesa que enfrentam desafios semelhantes.

Atualmente, Rosa representa as pessoas vivendo com o VIH em encontros internacionais, como a reunião lusófona, que reuniu representantes de sete países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe). “Estes fóruns são cruciais para discutir desafios, partilhar estratégias de sucesso e construir solidariedade entre nações com laços linguísticos e culturais comuns”, disse Rosa quando questionada sobre a relevância do evento.

Apesar dos avanços significativos, Rosa reconhece os desafios contínuos, como o compromisso político e a alocação de recursos para atividades lideradas pela comunidade em Angola. No entanto, ela mantém-se esperançosa e motivada, vendo estes encontros como oportunidades vitais para impulsionar mudanças e fortalecer os laços comunitários além-fronteiras.

Rosa Francisco Pedro personifica o espírito de superação e empoderamento. Ao enfrentar os desafios ligados ao seu diagnóstico, ela se tornou uma inspiração e uma agente catalisadora de mudança, influenciando políticas e inspirando comunidades nos países de língua portuguesa.

A jornada de Rosa tem sido longa e, por vezes, dolorosa, mas também tem sido repleta de aprendizagem e crescimento. Hoje, ela é uma sobrevivente, uma defensora e uma líder, ansiosa por partilhar o seu conhecimento e capacitar os outros.

Rosa expressou a sua sincera gratidão à Organização Mundial de Saúde (OMS) e a todos os parceiros que apoiaram estas importantes reuniões internacionais. Ela enfatiza a importância da continuação da colaboração e do empoderamento, que são fundamentais para avançar na saúde e nos direitos das pessoas que vivem com VIH em Angola e além.

Mais sobre a iniciativa de colaboração dos países lusófonos

A terceira reunião dos países lusófonos para promover a eliminação do VIH, hepatites virais (HIV), infeções sexualmente transmissíveis (IST) e tuberculose (TB) como problemas de saúde pública até 2030, foi realizada em Brasília, Brasil, entre os dias 12 e 14 de março 2024.

Com o foco em respostas integradas ao VIH, hepatites, IST e TB, a reunião teve como objetivo fortalecer a colaboração e partilhar as melhores práticas para eliminar estas doenças como problemas de saúde pública até 2030 em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Esta reunião baseou-se em reuniões anteriores em Cabo Verde (2014) e Moçambique (2016), onde os países partilharam experiências e discutiram a implementação de novas políticas da OMS sobre o VIH.

A quarta reunião da colaboração com os países lusófonos foi realizada virtualmente no dia 6 de novembro de 2024.